quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Por Luiz Paulo Montes Melhor do Vôlei/Lancenet! Nesta entrevista exclusiva, ela fala de seus planos para o futuro, diz que está longe de parar e que seguirá no Brasil. Confira o papo: LANCE!NET - Você se lembra do que aconteceu no acidente? Stacy Sykora - Nada. Não me lembro de nada. Não estou brincando, eu me lembro de um treino com Fabi (Fabiana), cerca de uma semana antes do jogo. Eu lembro só deste dia, e não estou brincando. Nos últimos três dias estive com pessoas que me disseram o que aconteceu, o que eu falei, mas eu não sabia. Só lembro de estar com Fabi, e mais nada. L!NET - Este acidente fez você repensar alguma coisa em termos de vida? Stacy Sykora - Eu vi muitas fotos de quando estava muito mal. Não podia falar, estava assim (Sykora simula alguém desacordado). Eu dou graças a Deus por estar normal agora. É incrível. Porque antes eu estava muito mal, mas não sabia. Mas minha vida não se alterou em nada. L!NET Você quis ver as fotos do estado em que você se encontrava, então. Por quê? Stacy Sykora - Eu queria. Sou uma pessoa que gosta de ver as coisas de verdade. Eu estou bem agora, ok. Mas eu sei que estava mal, que houve um acidente. Para mim, esta é a vida, saber a verdade. Quero saber tudo. Quando me vejo agora, digo "mamma, mia", porque eu realmente estava em um quadro ruim. L!NET Como tem sido a sua rotina depois que acordou? Stacy Sykora - Eu estava aqui desde dia 12 de abril. No dia 21, eu fiz assim (simula acordar). Então, eu não lembro de nada. No dia 21, eu lembro de ter caminhado muito, e eu não podia. Estava fazendo fisioterapia, não podia caminhar. Contei com a ajuda das pessoas que dirigem o Vôlei Futuro, porque estava incapacitada de fazer muita coisa. Agora, eu estou normal. L!NET Como é voltar a jogar depois de um acidente tão grave? Você vai voltar à seleção dos EUA agora. Stacy Sykora - Eu penso que assim é a vida. Quero jogar bem e vou conseguir. Tenho as fotos de uma semana atrás, e eu penso: "mamma mia", quase eu morri. Ou poderia não jogar mais. Agora estou bem e perguntei a mim mesma, o que fazer? Eu quero jogar, jogar todos os dias. Acho que jogarei melhor agora. Porque agora entendi que eu realmente poderia não jogar mais. Só vou parar de jogar vôlei quando eu achar que não dá mais, ou quando não quiser mais. Quando chegar esta hora, eu mesma quero virar e falar que não quero mais. Então, acho que agora serei melhor. L!NET Você já foi vice-campeã mundial, vice-campeã olímpica, melhor do mundo. Há alguma outra motivação que faça com que você continue na ativa? Stacy Sykora - Eu sempre falo as coisas que sinto. A cada dia quero ser a melhor líbero do mundo, quero ser a melhor líbero da seleção americana, quero ser a melhor líbero do Vôlei Futuro, a melhor do Brasil. Eu não estou brincando. Eu não sou assim. Vou jogar, seguir a mesma coisa, quero ser a melhor líbero em tudo. L!NET Enquanto você esteve inconsciente, houve muitas manifestações de carinho por parte da torcida de Araçatuba e até mesmo de equipes rivais. Você chegou a ver isso, saber deste apoio? Stacy Sykora - Isso é incrível. Eu jogo vôlei porque amo o esporte. Eu faço as coisas espontaneamente. Quando eu vi minha ex-equipe na Itália, de 2004, me homenagear, foi uma coisa grande para mim. Agora também vi que recebi muitos e-mails de pessoas me desejando bem. Meu coração está muito feliz. L!NET - Há vinte dias você estava entre a vida e a morte. E, agora, você está prestes a voltar à quadra. O que lhe deu força para se recuperar tão bem de um episódio assim? Stacy Sykora - Eu não estou brincando, eu não sei. Na vida, nós nunca sabemos o que vai acontecer. Nem nunca saberemos. Eu sou diferente, acho que outras pessoas não poderiam fazer como eu fiz (se recuperar totalmente em uma semana). L!NET - Você citou várias vezes Deus durante esta entrevista. Segue alguma religião? Stacy Sykora - Eu não tenho batismo. Sou o que se chama de non-denominational (nos Estados Unidos). Eu creio muito, mas não falo muito Dele. Mas, neste caso, eu posso falar graças a Deus. Olhe para mim! Estou incrível. Eu poderia estar com sequelas, mas estou ótima. Por isso digo graças a Deus. L!NET - Você chegou a ver algum jogo da série semifinal contra Osasco? Stacy Sykora - Eu não assisti aos jogos. O que me lembro é de que estávamos jogando muito bem. L!NET - E quando você soube da derrota (o Vôlei Futuro perdeu a série por 2 a 0 para Osasco)? Stacy Sykora - Eu queria "argh" (Sykora simula um desmaio). Não me senti bem. Eu achava que nós estávamos jogando bem. A final da Superliga é em um jogo. Ou seja, vale mais quem está bem no dia do que quem é mais forte. Eu me sinto mal, porque queria jogar, queria ganhar. L!NET - Embora a Unilever tenha sido campeã, talvez o fato mais comentado desta Superliga feminina tenha sido seu acidente. Sua imagem ficou muito popular. Você vai continuar no Brasil? Stacy Sykora - Eu quero jogar no Brasil. Eu joguei em 2000 na Itália, e algumas amigas minhas como Tara Cross-Battle e Danielle Scott, que jogavam comigo, me diziam o quanto era interessante atuar no Brasil. Eu era muito nova. Elas ficavam falando do Brasil, das coisas boas do país. Então, desde 2000 eu sempre tive este desejo de jogar no Brasil. Jogaria de graça, até sem dinheiro. Agora, finalmente, eu consegui jogar. L!NET - A presença da sua família aqui no Brasil lhe deu mais força? Stacy Sykora - Sim, foi incrível. Minha mãe nunca põe os pés fora dos Estados Unidos. Minha irmã também não. Então, quando as vi aqui no hospital, minha reação foi: "O que é isso?". Eu gosto muito que elas apareçam, mas não são de vir muito. L!NET - Agora, você vai voltar para a seleção americana. Como vai ser a cobrança? Stacy Sykora - No primeiro dia, querem me ver melhor, fazer análises, ver os relatórios que os médicos fizeram aqui. L!NET - Você quer disputar o Grand Prix, por exemplo? Stacy Sykora - Eu quero fazer todas as competições pelos Estados Unidos. L!NET - Houve rumores de que, caso você não pudesse voltar a jogar, poderia assumir um cargo técnico no Vôlei Futuro. É algo que você pensa fazer no futuro? Stacy Sykora - Não estou pensando nisso agora. Tenho muitas coisas a fazer antes. L!NET - Nestes primeiros dias e momentos fora do coma, o que você quis fazer primeiro? Stacy Sykora - Nos Estados Unidos, eu quero comer sushi. Vou a um restaurante do qual gosto muito. Mas vou comer muitas coisas, com certeza.

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